Ruas de Curitiba amanheceram coloridas na manhã desta quinta-feira (04), dia em que se celebra o Corpus Christi. Isso porque muitas pessoas se reuniram, desde a madrugada, para a tradicional confecção dos tapetes, nas proximidades das paróquias de igrejas.
No Centro, os arredores da Catedral Basílica de Curitiba, onde se celebra, às 15h, a missa mais tradicional da capital, a cor dos tapetes e a união das pessoas emocionava até quem apenas passava. A procissão, sempre ao termino da celebração, está programada para começar por volta das 17h.
A montagem dos tapetes começou na Rua Barão do Serro Azul, no São Francisco, e vai até o final da Avenida Cândido de Abreu, em frente ao Palácio do Iguaçu. Pelo trajeto, de pouco mais de dois quilômetros, foram disponibilizados 82 espaços para paróquias de toda Curitiba, movimentos religiosos, escolas e demais grupos que quisessem participar, montassem seus tapetes da forma mais criativa possível.
Ensinamento
Breno na montagem. Foto: Lucas Sarzi. |
Para a freira Ilza Ravazzoli, 52 anos, da congregação Apostolas do Sagrado Coração de Jesus, no Água Verde, manter a tradição é importante para ensinar aos mais novos e passar para a frente o amor de Deus. “A movimentação de fé, toda essa simbologia usada na montagem dos tapetes ajuda até no ensinamento das crianças, que acabam tendo dúvidas sobre as imagens usadas e saem daqui conhecendo mais sobre a Igreja Católica”.
Para a freira Ilza, o fato de fazer com que as pessoas construam juntas, uma dependa da outra para a realização de algo maior, faz com que os valores se reforcem. “Faz crescer, amadurecer e ainda reforça o valor da fé”, ressalta ela, que é freira há 28 anos.
A construção dos ideais religiosos começou cedo para a família de Adriana Endress, de 39 anos, que veio de Jaguariaíva e atualmente mora em Curitiba. O filho dela, Breno, de 9 anos, faz catequese na Igreja do Imaculado Coração de Maria, no Rebouças, e estava ajudando com muita dedicação na construção dos tapetes. “Ele já participa das missas desde muito pequeno, e agora com a catequese trouxe, pela primeira vez, para que ele conhecesse essa tradição muito bonita. É essencial mostrar como a fé é importante nas nossas vidas”, disse a mãe.
Amigas trazem lanche para os fieis há mais de 10 anos. Foto: Lucas Sarzi. |
Lanche
Durante muitas horas de trabalho, sob o sol da manhã, em algum momento as pessoas sentem fome e é aí que, mais uma vez, a humildade faz a diferença. As amigas Lourdes Quaquarini, 63 anos, e Ilma Terezinha Ferri, de 69, entregam juntas pão com presunto e queijo aos fieis da Igreja do Santuário de São José, do Capão Raso. “Tínhamos feito encomenda de 40 pães. Hoje cedo nos ligaram dizendo que viriam mais de 40 pessoas e aumentamos o pedido às pressas. Fizemos mais de 70 lanches”, disse Lourdes orgulhosa.
De acordo com a “tia do lanche”, como alguns jovens a chamavam, ela e a amiga Ilma mantém a tradição há mais de 10 anos e pagam do próprio bolso os lanches para ajudar quem vem para a montagem dos tapetes. “E volta e meia ajudamos ainda outras pessoas que acabam passando e pedindo. Não negamos o lanche”, contou.
Foto: Lucas Sarzi. |
Convite
O chamado para participar da montagem dos tapetes foi feito dentro das igrejas, espalhadas por toda a capital, durante as missas. Wolfgang Koentopp, 68 anos, ministro da eucaristia na Igreja Nossa Senhora de Medianeira, no Ahú, se surpreendeu com a quantidade de gente que atendeu ao convite. “Participo há mais de cinco anos e me surpreendo a cada ano. Não tenho nem palavras para definir a satisfação em vir ajudar e ver tanta gente reunida por uma única causa”, comenta.
Emocionado com o fato de ver tanta gente mantendo a tradição, Wolfgang também se mostrou feliz em ver jovens dedicados sem se preocupar com a folga do feriado. “Teve jovem que chegou aqui às 5h da manhã e não parou. Todos trabalhando intensamente. É emocionante”, disse.
Tapetes do GFASC de Curitiba aparecem neste imagem.
Fonte: http://www.parana-online.com.br/04/06/2015.
Comentários