Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
O católico leigo assume seu papel na família, na Igreja e na sociedade com a missão de dar sabor humano, ético, transformador e promotor da vida digna para as pessoas, estruturas e organizações. Ser sal e luz nessas realidades o faz realizado e realizador do ideal de construir uma comunidade e uma sociedade com o novo humano e cristão. Diferencia-se do mero repetidor do trabalho e do comportamento de quem vive sem mudar os critérios do mundo paganizado.
Ele se insere no mundo das profissões com o tino vocacional de prestar um serviço de qualidade para o progresso humano, com sustentabilidade moral e de bem estar para todos. Pensa em si e na família com a hipoteca social de promoção do bem comum. No mundo da política usa seus dons para a real promoção da cidadania, com especial sensibilidade aos excluídos. Trabalha diuturnamente para o uso de todos os recursos da sociedade em bem da distribuição equitativa e de serviço às necessidades das pessoas e organizações. Não sucumbe às pressões da baixa politicagem e da corrupção. Usa a sabedoria humana e divina para acertar os passos da causa da dignidade da vida e da pessoa humana.
Na vanguarda da implantação dos critérios da ética e da consciência de cidadania com os valores cristãos no mundo, o leigo mostra seu encantamento por seguir os passos do Divino Mestre. Contagia seu meio ambiente com o cunho de servir o ser humano com o amor próprio de sua consagração batismal. Não espera que outros de variadas vocações na Igreja suplantem sua missão característica de leigo consciente e responsável. Seu papel é proativo na comunidade eclesial, na família, no trabalho e na sociedade. Coopera com os demais membros das diversas funções e vocações para um serviço em comunhão e subsidiariedade.
O papa Francisco coloca a necessidade de a Igreja estar sempre “em saída”, ou seja, em atitude de ir ao encontro do outro para lhe ofertar acolhida, justiça, misericórdia, amor e dignidade. O leigo não renuncia jamais essa característica em sua vocação de discípulo e missionário de Cristo, como membro responsável de sua comunidade religiosa.
O documento de estudo “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo, Cf. Mt 5,13-14” (Estudos da CNBB 107) merece atenção especial para seu conhecimento e prática. Faz uma introdução mostrando a ação do leigo no mundo e na Igreja, como sujeito eclesial. No capítulo primeiro ressalta a ação do mesmo no mundo globalizado, ajudando sua transformação. No seguinte faz referência à sua missão, com características específicas, numa Igreja diversificada e em comunhão. Depois apresenta a organização do laicato, sua formação e ação pastoral.
O protagonismo do leigo reforça todas as vocações eclesiais, a ponto de o mesmo cooperar para um trabalho em conjunto, sem um encobrir o ministério do outro. Na diversidade de funções, com a mútua cooperação é que se dá força à Igreja para ela ser “luz para o mundo”, ajudando a erradicar as causas de morte e injustiças para reinar a vida digna e plena para todos, com os valores humanos e cristãos.
O leigo consciente e progressivamente maduro entra no âmago da convivência humana, transformando-a com a vida nova trazida pelo Filho de Deus. Então sua contribuição mostra o quanto é gratificante sua missão de dar vida ao convívio humano. Essa vida vem do dom de Deus.
A maior força do leigo provém de Deus. Seu maior instrumento é o amor, vivido e fortificado na comunidade eclesial. Seu potencial humano e evangelizador é, então, afinado com sua vocação de servir à causa do Reino de Deus. Alimenta-se da oração, da Palavra de Deus, da comunhão eclesial e dos outros meios deixados por Cristo na sua Igreja.
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